Monday 14 May 2007

Xerém para a quinzena do Colher de Tacho

Milho para mim não é espigas assadas, nem pipocas, nem tortilhas mexicanas. Milho, é em primeiro lugar a broa, esse pão rústico, de côdea escura e rija, indispensável nas sardinhadas dominicais, que na minha infância o meu avô organizava nos pinhais em volta da Nazaré. De milho também eram umas broas doces que a minha avó paterna fazia. Essas broas que nunca amei mas das quais já senti a falta muitas vezes. A minha avó materna fazia também com pão de milho um pudim que eu muito gosto. Trata-se de umas migas muito consistentes, feitas com água de cozer o bacalhau e temperadas depois com azeite e alho picado. Este pudim de broa servia-se com umas couves cozidas para acompanhar o bacalhau cozido ou assado. Mais tarde conheci e aprovei, a polenta italiana, o xérem algarvio, o funge de milho de Angola e Moçambique e por fim o xérem de Cabo Verde, irmão do algarvio mas enriquecido pelo leite de coco.E foi por este último que me decidi, trocando o excelente atum dos mares cabo-verdianos, por couve de coração e umas rodelas de chouriço.

Comecei por preparar o leite de coco, com dois copos de coco ralado, ao qual juntei quatro copos de água a ferver. Bati com a varinha mágica e guardei para depois. De seguida escaldei, cortei em tiras e guardei 4 ou 5 folhas de couve de coração.Piquei uma cebola, que levei ao lume para refogar num pouco de azeite. A essa cebola juntei depois um tomate limpo e picado (o costume …) e continuou a refogar mas evitando que escureça. Depois, juntei as farripas de couve que saltearam um pouco e depois foram inundadas pelos quatro copos de leite de coco. Temperei com sal e piri piri e esperei que começasse a fervilhar. Nessa altura deitei a farinha (sêmola) de milho e com uma colher de pau, mexi bem, para evitar os grumos. Depois reduzi o lume ao mínimo e tapei a panela, deixando a papa cozinhar durante um quarto de hora. Nesse espaço de tempo mexi mais duas vezes, pois estava a começar a pegar-se e também deitei um pouco de água quente para não ficar demasiado consistente.Enquanto decorriam os 15 minutos de cozedura, fritei umas rodelas de chouriço, que no fim arrumei sobre o xérem. Depois de ter comido aquele xerém (muito bom o casamento do coco o milho) fiquei a pensar como poderia aquilo servir de acompanhamento para qualquer outra coisa, mas nada me ocorreu, no entanto acho que o chouriço pode ser substituído por uns pedaços de toucinho entremeado ou carne de porco frita. A couve fica muito bem no conjunto, mas é preciso ter o cuidado de não a cozer demais. Só eu é que comi este xerém, pois não estava mais ninguém em casa, e como ele só presta acabadinho de fazer, resolvi comer tudo... Um dia repito para o resto da família.

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